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ANDO A DiVAGAR PORQUE JÁ TIVE PRESSA

"A paisagem parecia mudar à medida que eu avançava,

mas eu estava enganado.

O que me rodeava mantinha-se constante,

quem mudava era eu."

Ao encontrar este fragmento de um livro, senti como se ele traduzisse algo que eu nunca soube colocar em palavras. Caminho na tentativa de esvaziar a mente e preencher a alma.

É o meu ritual de descoberta. Eu parto sem destino, deixando os passos escolherem as rotas, permitindo que o acaso me guie. Quando volto, gosto de olhar o mapa, como quem revisita um sonho. Traço as linhas que fiz com os pés e percebo que, mais do que percorrer distâncias, estou mapeando emoções e histórias.

Fotografar, nesse contexto, é mais do que um simples registro; é uma extensão desse processo. Compreender a rua como um espaço vivo e pulsante é reconhecer sua natureza democrática e multicultural. Onde a pluralidade de seus personagens e histórias criam narrativas de diversas interpretações. Entre o previsível e o inesperado, cada cena carrega camadas de significado — político, social, humano.

Essas imagens não são apenas memórias pessoais; são também um mapeamento afetivo e social. São cenas que revelam o que a rua tem a dizer, mas também quem eu sou enquanto ouço. Traçar o mapa depois de caminhar é um exercício de voltar a esses territórios, não apenas para me localizar, mas para refletir sobre o espaço que todos ocupamos — e como o ocupamos.

Apresento aqui uma coleção de cartografias do encontro: momentos em que o olhar se abriu para a rua e encontrou não apenas histórias, mas também caminhos para refletir e questionar. Mapas que, ao me atravessar, me transformaram.

"Deixe-me ir, preciso andar.

...vou por aí a procurar."

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